segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Natal

Feliz Natal a todos


quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Rice 2



exposição...


este post serve para celebrar a recente descoberta feita pela Andreia :)


Em Sintra... melodicamente


Bem, infelizmente este vídeo não tem código embed, por isso coloco aqui o link e ouçam enquanto estão a ler o poema.
Não sei se é a melodia mais adequada, depois digam. O título da música não tem nada a ver com o poema, portanto não o leiam antes de ler o poema.
Por fim, aproveito para agradecer à Professora Nazaré não só a leitura do blog como também a sugestão, que adorei.

http://www.youtube.com/watch?v=FpR7uCncGT8

Exposição...

EM SINTRA




EM SINTRA


As águas maravilham-se entre os lábios
e a fala, rápidos
em Sintra espelhos surgem como pássaros,
a luz de que se erguem acontece às águas,
à flor da fala
divide os lábios e a ternura. Da linguagem
rebentam folhas duma cor incómoda, as de que
maravilhado de água surges entre
livros, algum crime, um
menino a dissolver-se ou dele os lábios e ergues
equívoca a luz depois. Rápidos
espelhos então cercam-te explodindo os pássaros.

Luís Miguel Nava
Películas (1979)
In Poesia Completa 1979-1994 Lisboa, Dom Quixote, 2002




quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Hino de Cavalo Morto



Exposição...


terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Cavalo Morto

Cavalo Morto

Cavalo Morto é um lugar que existe num poema de Lêdo Ivo.
Um poema de Lêdo Ivo é um pirilampo que procura uma moeda perdida.
Cada moeda perdida é uma andorinha de costas pousada sobre a luz de um pára-raios.
Dentro de um pára-raios há um bulício de abelhas pré-históricas em redor de uma melancia.
Em Cavalo Morto as melancias são mulheres semi-adormecidas que têm no meio do coração o barulho de um molho de chaves.

Cavalo Morto é um lugar que existe num poema de Lêdo Ivo.
O Lêdo Ivo é um homem velho que mora no Brasil e sai nas antologias com cara de louco.
Em Cavalo Morto os loucos têm asas de mosca e voltam a guardar na sua caixa os fósforos queimados como se fossem palavras roçadas pelo esplendor doutro mundo.
Outro mundo é o fundo dum copo, um lugar onde o recto tem forma de ferradura e há uma só tarde forrada com tecido de gabardina.

Cavalo Morto é um lugar que existe num poema de Lêdo Ivo.
Um lugar que existe num poema de Lêdo Ivo é um rio que madruga para ir fabricar a água das lágrimas, pequenas mentiras de chuva feridas por uma pua de acácia.
Em Cavalo Morto os aviões atam com fitas de vapor o céu como se as nuvens fossem uma prenda de Natal e os felizes e os infelizes sobem directamente aos hipódromos eternos pela escadinha do anilhador de gaivotas.

Cavalo Morto é um lugar que existe num poema de Lêdo Ivo.
Um poema de Lêdo Ivo é o amante de um relógio de sol que abandona em pontas de pés as hospedarias da manhã seguinte.
A manhã seguinte é o que iam dizer-se aqueles que nunca chegaram a encontrar-se, os que mesmo assim se amaram e saem de braço dado com a brisa do anoitecer a festejar o aniversário das árvores e escrevem partituras com a campainha das bicicletas.

Cavalo Morto é um lugar que existe num poema de Lêdo Ivo.
Lêdo Ivo é uma escola cheia de tentilhões e um timoneiro que canta no pratinho de leite.
Lêdo Ivo é um enfermeiro que liga as ondas e acende com o seu beijo as lâmpadas dos barcos. Em Cavalo Morto todas as coisas perfeitas pertencem a outro, como pertence a porca das estrelas de mar ao saqueador das cabeças sonâmbulas e o carteiro das rosas do domingo à coroazinha de luz das empregadas domésticas.

Cavalo Morto é um lugar que existe num poema de Lêdo Ivo.
Em Cavalo Morto quando morre um cavalo chama-se Lêdo Ivo para que o ressuscite, quando morre um evangelista chama-se Lêdo Ivo para que o ressuscite, quando morre o Lêdo Ivo chamam o alfaiate das borboletas para que o ressuscite.
Acreditem-me, as recordações formosas são fugazes como os esquilos, cada amor que acaba é um cemitério de abraços e Cavalo Morto é um lugar que não existe.

Juan Carlos Mestre

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Brad Mehldau - Kenny Barron

Exposição...

Ambiência


Senti um suave e prolongado arrepio,
Uma ânsia, um ridículo,
Perante
As falas,
As efemeridades,
Os gritos,
As presunções,
As certezas arrogantes,
Que se confirmaram ou confirmariam
Em erros estúpidos e estupidificantes.

Superfície será por ventura a palavra certa,
Superfície lisa e escorregadia
Tensa e chocante, crocante
Apinhada...
Porém oca e vazia.