quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Luís Miguel Nava


Gostava aqui de partilhar um detalhe da vida de Luís Miguel Nava que acho fascinante e que compreendo perfeitamente, citando a wikipédia (eu sei que é uma citação pobre, mas...)
"Em 1975, conheceu Eugénio de Andrade e decidiu destruir tudo o que tinha escrito até então (...)". Admiro isto não só pela honestidade para consigo mesmo, mas também coragem e radicalismo saudável necessários para o fazer... .
Entretanto, deixo-vos um poema dele de que gosto particularmente...


O céu

Assoam-se-me à alma
quem como eu traz desfraldado o coração
sabe o que querem dizer estas palavras.
A pele serve de céu ao coração.


Luís Miguel Nava

3 comentários:

Filipe disse...

Meu bom amigo João Henrique:

Uma história muito interessante, sem dúvida, e com uma profundidade que tocam os mais recônditos meandros da alma.

E, uma vez que estamos em maré poética, aproveito para te deixar um poema de Camilo Pessanha (não sei se conheces o escritor e poeta, pelo qual nutro um profundo respeito e cujos poemas são maravilhosos) que, julgo, vem a propósito:

Caminho

Tenho sonhos cruéis; n'alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...

Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...

Porque a dor, esta falta d'harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d'agora,

Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.




Um abraço, com muita amizade...!

Filipe C.

jh disse...

Muito muito obrigado pela sugestão deixada... .
Não conhecia.

Um abraço também com muita amizade...

joão henrique

Anónimo disse...

E já agora, por que não mais um poema do "Mestre" dos "mestres"?

Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.

Camões

Bjs. Luísa Costa